segunda-feira, maio 06, 2013
"A corporação estraga uma vida sem dó, só para satisfazer a vontade de uns ou fazer favores para outros. Como são sujos! (...) Se a população soubesse que eles proíbem a polícia de entrar nos morros, que o dinheiro corre solto na cúpula superior. A população não tem ideia da verdade. (...) Hoje que conheço a verdade, sinto nojo de ser um policial."
Acredito que a maior parte dos brasileiros já assistiu Tropa
de Elite. Os dois filmes são um dos meus preferidos, não só pela história
envolvente e surpreendentemente crítica, mas por ser, na minha leiga opinião,
um salto gigantesco no cinema nacional. Também cresci em meio a policias:
estudei no Colégio da Polícia Militar do Ceará, meu pai é um policial e eu
conheço muito dos amigos dele que também fazem parte da corporação. Eu tenho
uma pequena noção do que é a polícia na realidade, longe das novelas e dos
filmes. Junte tudo isso e entenda porque eu quis ler Sangue Azul.
É uma história violenta e isso está evidente em cada página
genialmente criada com marcas que lembram sangue. O jeito como o livro é
escrito também é diferente, mataria qualquer amante da gramática, mas é muito
próximo de como nós falamos na realidade.
E por falar em realidade... O livro afirma que é uma
história real, mas disso não sei. Só sei que ela acontece na realidade.
Diferente de Elite da Tropa, que foi revolucionário por falar do alto escalão
da corrupção (políticos e homens de poder na sociedade), Sangue Azul vem falar
de dentro da polícia sobre a vida de um policial. Sobre como nasce à corrupção.
Sobre o que é que acontece com aqueles que estão dia e noite nas ruas tentando
defender a sociedade. E sobre o porquê de eles não conseguirem nos defender de
verdade.
Um trecho que eu gostei muito do livro é quando o personagem
principal, Rubens, fala que a polícia pode acabar com o tráfico de drogas do
Rio de Janeiro rapidamente. Só depende dos poderosos quererem. E nós já
percebemos que eles não querem. A questão é: por quê?
Deixo, por fim, a dica desse livro de um escrito por um
Leonardo Gudel (que acabou de ganhar um fã) e que conta a história, não só de
um policial, mas possivelmente, de todos os policiais que estão todos os dias
na rua, convivendo com todo tipo de atrocidade, vivendo em meio a uma guerra, e
completamente sozinho, sem apoio de governo, sem apoio de população, sem mais
ninguém além deles mesmos para defender as suas vidas.
Um livro com romance. Um livro com ação. Um livro com
crítica. Um livro comovente. Um grande livro. Uma impressionante história.
NA VERDADE O RUBENS FICOU LOUCO NO FINAL
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