Hiperfone

Imagino que eu sou o único que ainda não tinha assistido esse filme. Mas não me falta gente para elogiar o filme e decidi assistir hoje.
Foi muito mais do que eu esperava. Clube da Luta fala muito mais do que luta. É uma história fantástica, complexa e nem se fala em como foi bem produzida. Mas há algo além disso nessa história que me chamou atenção.
Por trás do show de imagens e atuação desse filme, há uma mensagem, aliás, uma só não, várias mensagens que ele quer nosa passar. Mas ao meu entender a mais importante de todas é: por que estamos fazendo isso?
Tenho mais uma histórinha para contar-lhes, mas caso você ache isso entendiante, por favor, pule para o próximo parágrafo onde chego direto ao ponto. Essa semana eu fui assaltado. Roubaram meu celular enquanto eu estava saíndo da casa de um amigo, um grande amigo meu que não veria problema nenhum em eu dormir em sua casa, mas no dia eu estava chateado com ele e por isso decidi que queria ir pra casa. Esse amigo foi me deixar na parada de ônibus e foi lá que eu fui assaltado. Ele estava comigo na hora. Não levaram nada dele. De mim levaram um celular (velho, e quebrado graças a Deus) e o todo o dinheiro que eu tinha (o dinheiro da passagem). Ou seja, não me levaram nada que prestasse, mas o susto de ser assaltado foi horrível. E eu estava sozinho, afinal aquele meu grande amigo parecia tão distante de mim naquele momento, era como se não ouvesse ninguém ali. Foi então, quando eu ainda estava assustado, que ele me disse: "Por que eu não fiz nada? Por que eu simplesmente assisti ao assalto e fiquei parado? Por que eu não quis defender você, um grande amigo para mim?" Grande amigo... Aquele cara que naquele momento parecia distante de mim... Que eu estava chateado, por um motivo banal, um simples desentedimento... Se eu não tivesse com essa raiva, se não tivesse sido tão orgulhoso, teria dormido na casa dele e não teria passado pelo susto do assalto. E o mesmo amigo de quem eu queria me livrar minutos atrás, foi quem me ajudou naquela hora... Mesmo assim eu havia sido um egoista, criando julgamentos e transformando-o em alguém que eu não gostava por mero orgulho. Eu queria me afastar dele. Eu ia perder um grande amigo por conta de uma pequena atitude dele que eu não gostei.
E aí voltamos a pergunta, por que fazer isso? Pensemos nisso. Antes de agir, pense, é isso mesmo que eu quero? Por exemplo, eu realmente quero perder uma grande amizade por causa da um pequeno problema? Ou eu quero mesmo comprar esse celular novo, essa TV que tem internet, esse tênis que o artista usa, que não muda nada na minha vida, mas que alimenta uma indústria que destrói o meu planeta? Aliás, o que eu quero?


No filme Tyler faz essa pergunta a um dos personagens. O que ele quer? O que ele quer ser, ou fazer? Nós fazemos o que nós queremos? Ou somos meras máquinas, movimentadas pela nova ordem mundial? Estudamos para fazer uma faculdade. Escolhemos uma faculdade boa para ganhar dinheiro. Ganhamos dinheiro para comprar algo que é legal, que é bom. Por que aquilo é legal? Por que é bonito? Quem diz que algo é bonito ou feio? Quem criou todas essas regras em nossa mente? Voltemos mais um pouco. Por que fazemos uma faculdade que nos dê muito dinheiro? Por que não fazemos algo que amamos? Por que não fazemos algo que nos faz sentir felizes e livres? Pra que precisamos de dinheiro? Para comer? Podemos comprar comida com um salário mínimo. Financeiramente a vida com um salário mínimo não é muito feliz. Mas quem disse que nesse mundo financeiro há um jeito de ser feliz?
Clube da Luta liberta nossa mente. Quebra conceitos, faz com que nós pensemos diferente. Faz com que a gente entenda que cada segundo que não fazemos o que amamos, é um disperdício de tempo. Nossa vida é curta de mais, não podemos sair andando por aí sem rumo, perdendo tempo. A humanidade, nessa sua mania de tentar evoluir, está se tornando desumana, fria, sem função. Hoje, tão evoluídos e cheios de tecnologia, somos pessoas vazias, amamos coisas e usamos pessoas, destruímos o que era bom e fortificamos o que era ruim.